domingo, fevereiro 01, 2009

Pena suspensa pela saia

“Estou inocente... Estava vestido de mulher porque estava a treinar para um papel que vou desempenhar num filme, na Índia. Não tinha intenção de ir para o centro comercial assim vestido, mas recebi uma chamada urgente e tive que sair”, suspira, P.K., um indiano de 45 anos. Está sentado no banco dos réus, no tribunal do Dubai.


Era gerente de uma loja do Mall of the Emirates, ia sendo estrela de um filme de Bolywood, e, ainda antes disso, presidiário.


Um polícia à paisana apanhou-o vestido de mulher: “A roupa era muito brilhante, ele tinha soutien, maquilhagem, uma peruca e perfume de mulher”, conta o agente.


Pelo horrendo delito, P.K. foi condenado a seis meses de pena suspensa e a 10 000 Dirames (2 000 Euros) de multa.


Compassivo, o juiz, confiante na reabilitação do criminoso iniciado – “Estou convencido de que ele não repetirá o crime” – deixou a pena suspensa por três anos, durante os quais o arguido não poderá repetir a maléfica proeza.


Não sei quem é P.K. nem de que cor era o seu vestido. Apanhei-o no jornal de domingo, na liberdade da imprensa para servir a ditadura.


- “É um homem cheio de sorte”, sorri um árabe, sentado na mesa ao lado, com o canto do olho posto no meu jornal, igual ao seu. “Sou saudita, já vi enforcados por muito menos.”

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