Em Monsaraz vivem apenas 37 pessoas. A maioria é de poucas palavras.
Murmura-se, entre as paredes de uma pousada onde o bolo de mel é o primeiro sorriso da manhã, que todos sentem nos ossos, e nas paredes de casa, a humidade que a exuberante e excessiva barragem do Alqueva põe no ar.
Na rua, ouvem-se bons dias arrastados, à moda da terra. Está frio de gola alta, gorro e luvas, e ainda assim sobra.
É nestas ruas estreitas, talhadas a pedra e cal, que o Ti-Zé-das-canitas passeia os bichos e mete a pinga à boca. Sempre dois copos de três, para ninguém ficar com sede, mesmo quem não bebe vinho, porque ladra.
Nas ondas de pedra e nas curvas ainda há um presépio feito vivo com gesso e trapos e bilhas à cabeça.
Monsaraz cheira à enorme fogueira que acenderam à porta da igreja, no centro da vila, e cheira aos sabonetes da senhora grega que abriu uma loja de “todo o tipo de coisas que sejam diferentes”.
Esta terra agasalha a cabeça com os chapéus de feltro que se vendem na loja de “uma holandesa que-veio-para-cá-e-não-voltou-para-lá-e-tem-um-filho-que-tem-um-restaurante-ou-uma-galeria-ou-o-que-é” e uma empregada que tem os olhos contornados a azul celeste e molhados com saudades de Almada.
Monsaraz enrola-se nas mantas artesanais espessas e pesadas que todos os netos de alentejanos conhecem da sua infância.
E naquela tasca onde o Ti-Zé-das-canitas faz sempre a mesma piada com os dois copos de três bebe-se o melhor café de todo o Alentejo.
Murmura-se, entre as paredes de uma pousada onde o bolo de mel é o primeiro sorriso da manhã, que todos sentem nos ossos, e nas paredes de casa, a humidade que a exuberante e excessiva barragem do Alqueva põe no ar.
Na rua, ouvem-se bons dias arrastados, à moda da terra. Está frio de gola alta, gorro e luvas, e ainda assim sobra.
É nestas ruas estreitas, talhadas a pedra e cal, que o Ti-Zé-das-canitas passeia os bichos e mete a pinga à boca. Sempre dois copos de três, para ninguém ficar com sede, mesmo quem não bebe vinho, porque ladra.
Nas ondas de pedra e nas curvas ainda há um presépio feito vivo com gesso e trapos e bilhas à cabeça.
Monsaraz cheira à enorme fogueira que acenderam à porta da igreja, no centro da vila, e cheira aos sabonetes da senhora grega que abriu uma loja de “todo o tipo de coisas que sejam diferentes”.
Esta terra agasalha a cabeça com os chapéus de feltro que se vendem na loja de “uma holandesa que-veio-para-cá-e-não-voltou-para-lá-e-tem-um-filho-que-tem-um-restaurante-ou-uma-galeria-ou-o-que-é” e uma empregada que tem os olhos contornados a azul celeste e molhados com saudades de Almada.
Monsaraz enrola-se nas mantas artesanais espessas e pesadas que todos os netos de alentejanos conhecem da sua infância.
E naquela tasca onde o Ti-Zé-das-canitas faz sempre a mesma piada com os dois copos de três bebe-se o melhor café de todo o Alentejo.
2 comentários:
Subscrevo toda a cada palavra. Foi bom ter absorvido Monsaraz com os sentidos na tua companhia. Venham mais sweet love roadtrips... Beijo.
Querida Joana
Monsaraz é terra e gente de que gosto desde a entrada na "Porta" onde ainda estão gravadas as unidades de medida para o pagamento dos impostos noutros tempos...
Adorei viajar Monsaraz no encanto das tuas palavras...
Beijinhos.
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