Na favela de Paraisópolis, nos subúrbios de São Paulo, tem crescido ao ritmo exuberante do Brasil de Lula da Silva. Nas ruas há cores garridas, muita vida, muita pressa, muito orgulho. Na favela, o partido em que se vota é Paraisópolis.
Vistas de cima, as ruas próximas da União de Moradores desta comunidade dos subúrbios de São Paulo parecem uma pista de dança. Debaixo do emaranhado de fios elétricos que abastece os 100 mil moradores da comunidade, há música, ritmo e um gingar de centenas de corpos.
A festa é tanta que, diz-se por aqui, o aparato ostensivo do luxuoso bairro do Morumbi, que se avista ao longe, chega a ter inveja.
O presidente da União de Moradores, Gilson Rodrigues, conta que a comunidade “cresceu 20 anos em dois”: “Todas as semanas abre um comércio novo, todos os dias há um contacto de pessoas querendo montar um projeto”, diz.
“Quando aqui cheguei, [em 2001] os maiores problemas eram de infraestruturas. Era tudo lama. Não havia asfalto, havia gangues – [as pessoas] da rua de baixo não podiam subir para a rua de cima – havia um dono da favela, que às vezes se metia em discussões de marido e mulher, tudo o que acontecia tinha que ser resolvido com essa pessoa”, conta.
Os moradores, diz, “não tinham liberdade de circular, de se expressar”. Mas hoje, garante, a favela deu um salto, sobretudo “graças à união das pessoas, à mobilização, à intervenção e participação”.
“Na União de moradores, por onde passam por dia cerca de 1 500 pessoas há, à disposição de todos, telecentro, biblioteca, cozinha comunitária, a escola do povo, salas de informática, uma rádio comunitária, um jornal comunitário, um site e um espaço jovem, onde se desenvolvem inúmeras atividades”, ilustra.
A associação das mulheres de Paraisópolis [quase 50 por cento dos moradores da comunidade são mulheres] também nasceu na União e funciona hoje em pleno, a pensar políticas públicas para as mulheres.
Antes de Lula da Silva, Paraisópolis tinha oito por cento da população abaixo da linha da pobreza. Hoje, dois mandatos depois, Gilson não tem um dado concreto, mas diz ter a certeza de que o número diminuiu bastante.
“À medida que a população conseguiu ter acesso a recursos, ela montou negócios. Há oito mil comércios na favela. Você vê aqui pessoas que conseguiram, a partir dos apoios do Governo – apoio financeiro e incentivos à formação – avançar na vida. À medida que a pessoa vai ganhando oportunidades ela vai conseguindo que os seus caminhos sejam melhores”, afirma.
O ânimo da comunidade, diz, é grande. E isso percebe-se bem no ritmo que se sente nas ruas. Em poucos anos, garante Gilson, “isto vai transformar-se numa nova Paraisópolis. E é assim que queremos que se chame, para que não sobre mais nenhum preconceito em relação à comunidade”.
Apesar do caminho trilhado, os desafios, reconhece, ainda são grandes: “Há dez escolas a funcionar mas há ainda 5 mil crianças que não vão às aulas e cerca de 15 mil pessoas analfabetas. Precisamos de um posto de saúde que possa servir convenientemente a comunidade”.
Por isso, e porque o orgulho que se sente nas ruas, pelas lojas, é o mesmo que sai da boca do presidente da União de Moradores, em Paraisópolis vota-se em quem dá mais: “Votamos em quem olhar mais para a comunidade, o nosso partido é Paraisópolis”.
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